De Festa em Festa aos 20, Escravo do Trabalho aos 52: O Preço de Não Ter Planejado Meu Futuro

Sabe aquela sensação de olhar para trás e pensar “se eu pudesse voltar no tempo…”? Pois é exatamente isso que sinto quando lembro dos meus 20 anos. Eu, Alyxandre, hoje com 52 anos, vivi intensamente minha juventude. Festas todo fim de semana, roupas de marca, aquele carro que eu precisava ter… Mas ninguém me disse — ou eu não quis escutar — que cada real desperdiçado naquela época seria um dia a mais trabalhando hoje.

E antes que você pense que isso é só desabafo de alguém amargurado, deixa eu te mostrar que não estou sozinho nessa. Em 2025, 82% dos brasileiros não estabeleceram nenhuma meta financeira. A falta de planejamento não é exceção, é regra neste país.

Se você tem 20, 30 ou até 40 anos e acha que “ainda dá tempo”, este artigo é para você. Se você já passou dos 50 como eu e pensa que “já era”, também precisa ler até o final. Porque eu aprendi da pior forma possível que nunca é cedo demais para começar — e nunca é tarde demais para consertar.

A Ilusão dos Meus 20 Anos: Quando o Futuro Parecia Distante Demais

Quando eu tinha 22 anos, ganhar R$ 5.000,00 por mês parecia muito dinheiro. Eu não tinha filhos, morava com minha mãe e minha avó, e aquele salário inteiro era “meu”. Sabe o que eu fazia com ele? Gastava. Tudo. Todo mês.

“Ah, mas eu trabalho duro, mereço aproveitar!” — essa era minha frase favorita para justificar o terceiro par de tênis do mês ou aquele churrasquinho todo sábado que custava metade do meu salário.

Hoje, quando converso com jovens de 15 anos ou mais, vejo meu reflexo neles. A mesma empolgação, a mesma sensação de invencibilidade, a mesma cegueira para o futuro. E entendo perfeitamente, porque eu fui exatamente assim.

A verdade dolorosa: naquela época, se eu tivesse guardado apenas 10% do que ganhava — para mim, míseros R$ 500,00 por mês — e investido de forma inteligente, hoje eu teria uma reserva que mudaria completamente minha realidade. Mas eu não guardei. Nem um centavo.

O Golpe da Realidade: Quando os 27 Chegaram Com Contas Para Pagar

Aí vieram os 27 anos. Casei, nasceu minha filha. E de repente, aqueles R$ 5.000,00 que eu ganhava pareciam sumir em uma semana. Aluguel, fraldas, conta de luz, conta de água, supermercado… E eu me perguntava: “Para onde está indo todo o meu dinheiro?”

A resposta era simples: ele estava indo para pagar o estilo de vida que eu construí sem planejar. Porque ninguém me ensinou (ou eu não quis aprender) que cada escolha financeira tem consequências duradouras.

Você conhece aquela história do casal que ganhava R$ 9.000,00 juntos e achava que estava bem? Quando a inflação e os custos essenciais subiram mais que os salários, as despesas saltaram de R$ 8.500,00 para mais de R$ 10.000,00, enquanto os salários não acompanharam esse ritmo. Era exatamente minha situação.

Os 40: A Década da Negação

Quando cheguei aos 40, eu estava num ciclo vicioso. Trabalhava cada vez mais para sustentar um padrão de vida que eu mesmo havia criado. Parcelava tudo no cartão de crédito. Fazia empréstimos para cobrir o rotativo. Emprestava de Pedro para pagar Paulo.

E o pior? Eu me convencia de que “todo mundo vive assim”. Que “é normal trabalhar até tarde e nunca ter dinheiro sobrando”. Que “quando eu ganhar mais, aí sim vou conseguir guardar”.

Spoiler: quando você ganha mais sem ter controle, você só gasta mais. É uma lei universal das finanças pessoais que eu aprendi da pior forma.

A real é que em dezembro de 2024, apenas 41,87% do orçamento familiar ficava disponível após pagar itens essenciais. Isso significa que mais da metade do que as famílias brasileiras ganham já tem destino certo antes mesmo do dinheiro cair na conta. E para quem não controla nada? Pior ainda.

Aos 52: Pagando o Preço da Falta de Planejamento

Hoje, com 52 anos, eu acordo às 4h da manhã. Trabalho até às 19h. E sabe por quê? Porque eu preciso. Não é escolha. É necessidade.

Deixa eu ser claro: eu amo meu trabalho. Sou professor, dou aulas, e não tem coisa melhor no mundo do que estar em sala de aula lidando com crianças e jovens, ajudando na formação deles. Isso me faz muito bem, me energiza, me dá propósito. Não estou reclamando do meu trabalho — jamais faria isso.

O que estou dizendo é que poderia estar correndo menos hoje. Poderia ter mais tempo livre, mais equilíbrio, mais escolhas. Mas como não me planejei financeiramente quando era mais jovem, hoje preciso trabalhar como um louco para recuperar o tempo perdido. É uma corrida contra o relógio que eu mesmo criei por décadas de falta de planejamento.

Enquanto alguns dos meus amigos que foram mais prudentes estão começando a pensar em reduzir o ritmo, investir em hobbies, viajar mais, eu estou aqui calculando quantos anos ainda vou precisar trabalhar nesse ritmo intenso para conseguir me aposentar com dignidade.

E olha que eu não sou exceção. 84% dos brasileiros passaram por situações emergenciais nos últimos 12 meses, como precisar atrasar o pagamento de contas ou recorrer a empréstimos. Pior: 43% da população não têm reserva de emergência.

Você acha que ficar preso num emprego que não te satisfaz mais, sem poder dizer “não” porque precisa do salário todo mês, é liberdade? Não é. É prisão.

“Se o governo federal precisa de um orçamento detalhado para gerir trilhões de reais, por que você acha que consegue administrar suas contas ‘de cabeça’?”

Por Que Tanta Gente Comete o Mesmo Erro?

Eu me fiz essa pergunta mil vezes: por que eu, uma pessoa inteligente, capaz, deixei chegar a esse ponto? E descobri que não estou sozinho nessa ignorância financeira.

Deixa eu te contar o que descobri sobre por que brasileiros como eu não fazem planejamento:

1. A Cultura do “Aproveitar Agora”

No Brasil, somos criados com a mentalidade de que precisamos aproveitar o presente porque o futuro é incerto. “A vida é curta”, “você pode morrer amanhã”, “tem que viver hoje”. São frases bonitas, mas financeiramente destrutivas.

A verdade é que você provavelmente não vai morrer amanhã. Você vai envelhecer. E quando envelhecer sem dinheiro, vai se arrepender de cada real jogado fora na juventude.

2. A Ilusão de Que “Quando Ganhar Mais, Vou Guardar”

Essa é uma das maiores mentiras que contamos para nós mesmos. Eu disse isso aos 25. Aos 30. Aos 35. Sabe quando eu finalmente comecei a guardar? Aos 48 anos, quando a situação ficou tão insustentável que não tinha mais escolha.

A ausência de planejamento financeiro é um problema cultural no Brasil que dificulta a criação de estratégias para poupar ou sair das dívidas.

3. O Brasileiro Não Aprende Educação Financeira

Eu passei 12 anos na escola, fiz faculdade, e em nenhum momento alguém me ensinou o básico sobre dinheiro. Aprendi sobre mitocôndrias, equações do segundo grau, mas não aprendi como fazer um orçamento ou o que é juros compostos.

E quando finalmente fui aprender, já era tarde demais. As consequências já estavam estabelecidas.

4. A Armadilha do Crédito Fácil

Cartão de crédito, financiamento, crediário, consórcio… O sistema financeiro brasileiro é genial em te dar acesso a dinheiro que você não tem para comprar coisas que você não precisa.

E eu caí em todas essas armadilhas. Todas.

O Custo Real de Não Ter um Orçamento (Que Ninguém Te Conta)

Deixa eu ser bem direto sobre o que a falta de um orçamento me custou ao longo dos anos:

1. Dinheiro desperdiçado: Calculo que gastei pelo menos 30% a mais do que precisava em tudo, simplesmente por não ter controle. Em 30 anos de vida profissional, isso representa centenas de milhares de reais jogados fora.

2. Juros e taxas: Você sabe quanto eu paguei de juros do cartão de crédito ao longo da vida? Se eu soubesse esse número exato, provavelmente teria um ataque cardíaco. Mas posso garantir que seria suficiente para comprar um carro.

3. Oportunidades perdidas: Enquanto eu estava gastando todo mês, poderia estar investindo. Com juros compostos trabalhando a meu favor por 30 anos, eu poderia estar muito melhor hoje.

4. Estresse e saúde: O impacto na saúde mental de viver no fio da navalha financeira é brutal. Ansiedade, insônia, discussões no casamento… Tudo isso tem um custo que não aparece na planilha, mas você paga com sua vida.

5. Falta de liberdade: Hoje, aos 52, eu não posso escolher trabalhar menos. Não posso recusar um projeto chato porque preciso do dinheiro. Não posso viajar quando quero. Minha liberdade foi hipotecada há 30 anos atrás.

O Que Eu Faria Diferente Se Pudesse Voltar

Se eu tivesse uma máquina do tempo e pudesse voltar aos meus 20 anos, faria exatamente isso:

1. Começaria a Guardar Imediatamente (Nem Que Fosse Pouco)

Não precisa ser muito. R$ 50,00, R$ 100,00, R$ 200,00. Qualquer valor. O importante é criar o hábito e deixar o tempo fazer seu trabalho através dos juros compostos.

Se eu tivesse guardado R$ 300,00 por mês dos 25 aos 52 anos (27 anos), investindo com retorno médio de 8% ao ano acima da inflação, hoje eu teria aproximadamente R$ 330.000,00. Isso seria uma aposentadoria digna, uma reserva sólida, ou uma segunda fonte de renda.

Mas eu não guardei. Nem um centavo.

2. Trataria Meu Orçamento Como Um Projeto de Vida

É fundamental listar despesas e receitas, monitorando cada gasto mensalmente. Parece óbvio, mas eu só entendi isso tarde demais.

Eu trataria meu orçamento com a mesma seriedade que trato projetos no trabalho. Com metas, prazos, revisões periódicas.

3. Aplicaria a Regra 50-30-20 Desde o Início

Essa regra é simples:

  • 50% para necessidades essenciais
  • 30% para desejos e lazer
  • 20% para poupança e investimentos

Se eu tivesse seguido isso aos 25 anos, hoje estaria numa situação completamente diferente.

4. Eliminaria as “Sangrias” do Orçamento

Sabe aquelas despesas pequenas que parecem inofensivas? Um streaming aqui, um lanche delivery ali, aquele aplicativo de assinatura que você nem usa… Tudo isso soma.

No meu caso, eu gastava facilmente R$ 2.000,00 por mês em coisas totalmente desnecessárias. Ao longo de 10 anos, isso representa quase R$ 250.000,00.

5. Entenderia a Diferença Entre Ativo e Passivo

Carro não é investimento. É despesa. Aquela TV de última geração não é investimento. É despesa. Roupas de marca não são investimento. São despesa.

Investimento é algo que coloca dinheiro no seu bolso. O resto é gasto. E eu demorei 30 anos para entender essa diferença básica.

Ainda Dá Tempo? O Que Estou Fazendo Agora

A boa notícia é que, mesmo aos 52, ainda dá para fazer algo. Não vou mentir: é muito mais difícil. Tenho menos tempo, menos energia, mais responsabilidades. Mas é possível.

Eis o que estou fazendo agora:

Passo 1: Finalmente Fiz Meu Orçamento (De Verdade)

Categorizei cada gasto. E tomei um susto. Descobri que gastava R$ 2.500,00 por mês só com delivery.

Hoje, eu sei exatamente para onde vai cada centavo. Uso aplicativo? Sim. Mas você pode anotar tudo em um bloquinho ou usar uma planilha simples do Excel ou Google. Funciona perfeitamente.

Passo 2: Cortei o Supérfluo (Sem Dó Nem Piedade)

Cancelei assinaturas que eu nem usava. Parei de pedir delivery quase todo dia. Troquei o plano de celular por um mais barato. Resultado? Economizei R$ 1.000,00 por mês.

Pode parecer pouco, mas ao longo de um ano são R$ 12.000,00. Em 10 anos, investindo bem, pode virar mais de R$ 160.000,00.

Passo 3: Criei Minha Primeira Reserva de Emergência

Aos 52 anos, finalmente tenho uma reserva de emergência. Hoje já tenho o equivalente a 8 meses de despesas guardados. Minha meta é chegar a 12 meses.

Sabe o que isso me dá? Paz. Pela primeira vez em décadas, eu durmo tranquilo sabendo que um imprevisto não vai me destruir financeiramente.

Passo 4: Comecei a Investir (Mesmo Com Pouco Tempo)

Não precisa ser complexo. Comecei com Tesouro Direto. Simples, seguro, rentável. Hoje invisto uma boa quantia por mês. Em 13 anos (quando eu tiver 65), vou ter uma boa reserva adicional.

Não vai me tornar rico. Mas vai fazer uma diferença enorme na minha qualidade de vida quando eu decidir parar.

Passo 5: Mudei Minha Mentalidade

O mais importante: mudei a forma como penso sobre dinheiro. Agora, antes de comprar qualquer coisa, pergunto: “Eu preciso disso ou eu quero?” e “Isso vai me aproximar ou me afastar dos meus objetivos?”

Parece simples, mas essas duas perguntas evitaram dezenas de compras desnecessárias.

Conselhos Para Quem Está Lendo Isso Aos 10, 20, 30 ou 40 Anos

Se você ainda tem tempo do seu lado, escuta o que eu aprendi na marra:

1. Comece HOJE. Não amanhã, não segunda-feira, não no próximo mês.

Cada dia que você adia é dinheiro que você está deixando de ganhar com juros compostos.

2. Não importa quanto você ganha. Importa quanto você guarda.

Eu já ganhei bem e não guardei nada. Hoje ganho o mesmo e consigo guardar. A diferença não está na renda, está no controle.

3. Pare de parcelar sua vida.

Se você não tem dinheiro para comprar à vista, você não tem dinheiro para comprar. Ponto. As únicas exceções são casa e educação.

4. Crie seu orçamento como se sua vida dependesse disso.

Porque depende. Seu futuro depende das escolhas que você faz hoje.

5. Aprenda sobre dinheiro.

Dedique uma hora por semana para aprender sobre finanças. Leia, assista vídeos, faça cursos gratuitos. O retorno desse investimento em conhecimento é infinito.

6. Automatize suas economias.

Configure transferência automática para investimento no dia que você recebe. Se você não vê o dinheiro, não sente falta.

Para Quem Já Passou dos 50 Como Eu

Se você está lendo isso e pensando “já era para mim”, deixa eu te dizer: não é tarde. É mais difícil? Sim. Impossível? Não.

Veja o que você ainda pode fazer:

1. Organize o que você tem agora

Mesmo que seja pouco, organize. Faça um orçamento. Corte gastos desnecessários. Cada real conta quando você tem menos tempo pela frente.

2. Maximize seus anos produtivos

Aos 52, eu ainda tenho pelo menos 13 anos até a aposentadoria oficial. São 13 anos para fazer o máximo que puder. E pretendo usar cada um deles.

3. Invista de forma conservadora mas eficiente

Não temos tempo para arriscar. Tesouro IPCA+, CDBs, LCIs e LCAs são nossos amigos. Renda fixa é nossa base.

4. Pense em fontes de renda alternativas

Um freelance, uma consultoria, um pequeno negócio online. Qualquer renda extra que você conseguir criar agora vai fazer diferença depois. No meu caso, minha renda extra vem das aulas particulares que dou. Está sendo um ajuda e tanto para compor minhas reservas.

5. Não se compare com quem está melhor

Eu sei, é difícil. Mas comparação só traz sofrimento. Foque no seu jogo, na sua situação, nas suas possibilidades.

O Que Eu Gostaria Que Alguém Tivesse Me Dito Há 30 Anos

Se eu pudesse voltar no tempo e dar um conselho para mim mesmo aos 20 anos, seria este:

“Alyxandre, cada real que você gasta hoje é um dia a menos de liberdade no futuro. Cada real que você investe hoje é um dia a mais de paz quando você estiver mais velho. Escolha com sabedoria.”

Eu não escolhi com sabedoria. E hoje pago o preço.

Mas você ainda pode escolher diferente. Você ainda tem tempo do seu lado. Use-o bem.

A Verdade Dura Que Ninguém Quer Ouvir

Vou terminar este artigo sendo brutalmente honesto com você:

Não existe mágica financeira. Não existe atalho. Não existe “ficar rico rápido”. Existe apenas uma verdade simples e dura: você precisa gastar menos do que ganha e investir a diferença. Por muito tempo. Consistentemente. Sem exceções.

Isso é chato? É. É difícil? Pode ser. Mas sabe o que é mais chato e mais difícil? Chegar aos 50, 60, 70 anos e não ter dinheiro para viver com dignidade. Depender de filhos. Depender do governo. Continuar trabalhando quando seu corpo já não aguenta mais.

Esse é o preço da falta de planejamento. E é um preço que eu estou pagando agora.

A questão é: você vai pagar esse preço também? Ou vai fazer diferente?

A escolha é sua. Mas não demore muito para decidir. Porque o tempo, meu amigo, o tempo não espera ninguém. E quando você menos perceber, vai estar com 52 anos se perguntando onde foi que você errou.

Não seja como eu fui. Seja mais inteligente. Comece hoje.


E você, como está sua situação financeira? Está no controle ou está apenas sobrevivendo? Compartilhe nos comentários sua experiência — seja para inspirar quem está começando ou para desabafar se está na mesma situação que eu. Vamos aprender juntos.

Se este artigo te impactou de alguma forma, compartilhe com alguém que precisa ler. Pode ser o empurrão que faltava para essa pessoa mudar de vida.

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